quinta-feira, 31 de março de 2016

Senhora Morte

Entra de mansinho
Quase que nem se dá por ela
Não é preciso ser adivinho
Para saber que trás na sua lapela

“Tão embonecada Senhora Morte,

Que a trás por estes lados?
Haverá mudança na minha sorte?
Sigo para junto dos antepassados?”

Diz ela em tom jocoso 

porque sabe que domina
“Visitar-te-ei todos os dias 
até ser tempo de seres minha

Enquanto me temes, 

deixo-te alimentada pelo medo
Mas quando me aceitares 
levar-te-ei para o degredo”.

“Dá-me tempo”, digo 

numa voz quase inaudível
Serei forte um dia 
ainda que agora sensível

“Quem vês hoje não é

 quem verás amanhã.”
Aguarda e garanto-te 
que não será uma espera vã

Sai pela janela 

tão em silêncio como entrou
Sorrio porque não foi 
o medo que ela deixou

A cobradora de almas 

segue pela estrada
E em mim fica a esperança 
de que há mais para além do nada

(2014)




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