Entra de mansinho
Quase que nem se dá por ela
Não é preciso ser adivinho
Para saber que trás na sua lapela
“Tão embonecada Senhora Morte,
Que a trás por estes lados?
Haverá mudança na minha sorte?
Sigo para junto dos antepassados?”
Diz ela em tom jocoso
porque sabe que domina
“Visitar-te-ei todos os dias
até ser tempo de seres minha
Enquanto me temes,
deixo-te alimentada pelo medo
Mas quando me aceitares
levar-te-ei para o degredo”.
“Dá-me tempo”, digo
numa voz quase inaudível
Serei forte um dia
ainda que agora sensível
“Quem vês hoje não é
quem verás amanhã.”
Aguarda e garanto-te
que não será uma espera vã
Sai pela janela
tão em silêncio como entrou
Sorrio porque não foi
o medo que ela deixou
A cobradora de almas
segue pela estrada
E em mim fica a esperança
de que há mais para além do nada
(2014)
Sem comentários:
Enviar um comentário
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.